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Foto do escritorCristina Banaskiwitz

Como a Natura quer transformar o cultivo do óleo de palma no Pará


A Natura quer transformar a cadeia do óleo de palma, um dos principais e mais controversos ingredientes da indústria cosmética, para torná-la mais sustentável – e, no futuro, quem sabe contribuir com suas metas de descarbonização da companhia. A empresa pretende plantar 40 mil hectares de dendezeiros até 2035 utilizando sistemas agroflorestais, uma alternativa sustentável à monocultura. O foco é o Pará, que concentra 84% de toda a produção nacional.

Quase a totalidade do óleo de palma comprado pela companhia atualmente ainda é produzida no Brasil pelo método convencional. A meta é fazer a substituição completa por insumos cultivados em combinação com outras espécies agrícolas, como frutas e hortaliças. Os SAF, como também são chamados os sistemas agroflorestais, trazem dois benefícios principais. Um deles tem a ver com a saúde do solo.

O outro impacto é social. “A mudança acaba dando muito mais retorno para o agricultor, principalmente o familiar, que não fica na dependência só de um único insumo”, diz Mauro Corrêa da Costa, gerente-sênior de suprimentos da Natura. Um benefício extra é a produtividade. Segundo um levantamento da Embrapa, no SAF foi registrada a marca de 180 kg de cachos por planta, ante 139 kg no sistema de monocultura. O teor de óleo por cacho também foi maior, chegando a uma média de 24,7% contra 18% a 22% vista no método tradicional.

O desafio é a escala. Hoje, os fornecedores da Natura que operam sistemas agroflorestais ocupam uma área de somente 180 hectares, num projeto desenvolvido há mais de dez anos em parceria com a Cooperativa Agrícola de Tomé-Açu (Camta).O óleo sustentável que vem dessas plantações é usado somente nos sabonetes em barra Biōme, uma linha premium. O plano de longo prazo é fazer o mesmo com 1,5 milhão de sabonetes fabricados diariamente.O ciclo produtivo das palmeiras vai de outubro a março. No que está se encerrando no mês que vem, a companhia terá adicionado cerca de  240 hectares de áreas de cultivo sustentável em sua rede de fornecedores. Costa afirma que a meta inicial é no mínimo repetir essa área a cada novo ciclo.

Valmir Ortega, fundador e CEO da startup, diz que o momento é de avaliação. “Estamos testando a operação em campo, estruturando insumos, mudas, entendendo como operam os prestadores de serviço”, afirma ele.

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